sexta-feira, 21 de março de 2014

CHARLES BUSKER & PROGRAMA BLUESERIA

Prezados Amigos!
Duas notas na postagem deste mês do blog do Fanzine Blueseria: a estréia de meu programa de blues e a apresentação do músico Charles Busker. Confiram aí!

CHARLES BUSKER EM ALVORADA

Denilson com o músico Charles Busker
Charles Busker é músico de rua em Porto Alegre, tocando em ruas, praças e parques. O repertório de suas apresentações é recheado de clássicos do rock, country e blues. O artista apresenta-se com um violão e harmônica, tocando composições de Johnny Cash, Bob Dylan, Neil Young, Creedence, Elvis Presley e tantos outros.

No dia 14 de março de 2014, Charles Busker veio pela segunda vez ao Subtê Café, em Alvorada/RS para apresentar seu trabalho. O público esteve mais reduzido em relação a primeira apresentação, mas o músico mostrou muita competência, agradando ao público que manifestava-se pedindo esta ou aquela música de seu artista preferido. Claro que pedi um blues e o cara atendeu. Confiram no vídeo abaixo!


 Click na imagem acima para ver Charles Busker ao vivo em Alvorada

PROGRAMA BLUESERIA

No domingo, dia 23 de março, às 21h estréia o meu programa de blues, o Blueseria. Esta é a terceira etapa do projeto Blueseria. O projeto começou com o fanzine impresso, zine este que continuo publicando com uma edição por ano. A segunda etapa foi levar o zine para o mundo virtual e aí surgiu este blog que você está acessando. Agora fecho a trilogia com um programa de rádio. O Programa Blueseria irá ao ar todo último domingo de cada mês, sempre às 21h com muita música e informação pela 3W Web Rádio, com uma hora de programação. Confiram a chamada do programa abaixo!



Click na imagem acima para ouvir a chamada do Programa Blueseria

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

HENRY GRAY

Denilson com Henry Gray
Henry Gray nasceu em Kenner, Lousiana, em 1925, e chegou a Porto Alegre, para primeira apresentação, 88 anos depois. E só pelo fato do cara ter uma história quase centenária no Blues, já seria motivo suficiente para acompanhar de perto esta lenda.

A história de Henry Gray é muito parecida com a de outros nomes do Blues tradicional da primeira metade do século XX. Começou a estudar piano ainda jovem e tocar em uma Igreja Batista. Mas já aos 16 anos tocava em clubes de Blues, mesmo contrariado pelo pai, que só admitia pela grana que Gray trazia após cada apresentação. Henry Gray só foi consolidar sua carreia de músico de Blues após retornar do Exército, onde serviu durante a Segunda Guerra Mundial, no Pacífico.

Para tornar-se um músico consagrado, Gray passou a tocar em bandas de nomes famosos do Blues, além de ser o pianista de estúdio de vários deles, gravando discos clássicos da História do Blues. Entre os músicos que Henry Gray acompanhou, podemos citar: Jimmy Reed, Bo Diddley, Little Walker, Jimmy Rogers, Elmore James, Muddy Waters, Buddy Guy, Howlin Wolf e tantos outros.

Em Porto Alegre, Henry Gray fez apresentação dia 24 de novembro de 2013, aos 88 anos de idade, no Átrio do Santander Cultural. Quando Gray chegou caminhando mansamente e subiu ao palco – recebido calorosamente pela plateia – ficou a expectativa da destreza do mestre ao piano. Mas já na primeira música, foi possível ver seus dedos deslizando pelo teclado com a maestria que só o tempo pode trazer. Gray apresentou clássicos do blues como “Sweet Home Chicago” (veja vídeo abaixo) e “Rock me Baby”. Interagiu com o público, falando de sua trajetória como músico de Howlin Wolf, e de ter tocado com Elmore James, na noite em que esse teve um ataque cardíaco. O público foi amável com o Mestre, que demonstrava satisfação abrindo um leve sorriso ao final de cada música.

click na imagem acima para ver o vídeo
Texto: Denilson Rosa dos Reis
Foto: Rosileine Reis

Vídeo: Denilson (gravação), Anderson Ferreira (montagem)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

PHIL GUY


Este é um dos shows que você vai não pelo artista em si, mas pelo que ele representa. Phil Guy é o irmão mais novo do mestre Buddy Guy, e confesso que a ideia de ir ao show realizado no Bar Opinião na noite de 29 de março de 1998, foi por esta questão, pois até então nunca havia sequer ouvido falar no cara, quanto mais conhecer seu trabalho. O Blues já começou cedo com a banda argentina Blues Special, que acompanha Phil nesta turnê e com a participação do gaúcho Alexandre Rossi na harmônica.

Já eram 22h quando Phil Guy, empunhando sua Fender Telecaster, a qual toca sem o suo da paleta, ou seja, apenas com os dedos, começa a desfilar clássicos temas do Blues, fazendo um som que mistura a raiz rural do Blues com a vertente urbana de Chicago. Também deve ser ressaltada a qualidade do trio argentino: Adrian Flores (bateria), Julian Diana (guitarra) e Mauro Diana (baixo). Aproximadamente no meio do show, Phil convidou o guitarrista gaúcho Fernando Noronha para uma canja onde tocaram, entre outras, clássicos de Júnior Wells.

Já passava da meia-noite quando Phil perguntou: “vocês querem ir para casa ou continuar a bailar?” Com o delírio do público, detonou uma versão de “Kiss You” dos Rolling Stones e ainda voltou para o bis tocando a clássica “Sweet Home Chicago”. O cara pode ser apenas o irmão mais novo de Buddy Guy, mas o show foi nota dez. 

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Foto: Rosileine Reis
Efeitos: Alex Doeppre

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Renato Velho & Manéco Rocha

A dupla Renato Velho (violão) e Maneco Rocha (percussão) estiveram em Alvorada no dia 02 de agosto de 2013, dentro do projeto 50 Tons de Blues do espaço cultural Subtê, apresentando clássicos e standers do Delta Blues.

Segundo o release do evento: “os músicos Renato Velho, nos violões acústico e dinâmico, Manéco Rocha, tocando Washboard, Spoons e Kazoo, apresentam um panorama musical do Blues acústico nos primórdios de seu surgimento quando eram utilizadas técnicas de Fingerpicking e Slide. Alternando afinações e letras apimentadas do Rag Time com a melancolia do Delta Blues, com músicas de Arthur Blind Blake, Rev.Gary Davis, Blind B. Fuller, CharleyPatton, Robert Johnson, BlindWillie Mc Tell, Tampa Red e Mississippi John Hurt, entre outros”.

Conheci o Renato Velho em uma palestra sobre blues na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre/RS e achei interessante que ao longo da fala ele apresentava as músicas, além de dar dicas sobre como tocar blues ao violão. Depois o Renato apareceu com um trabalho muito interessante de blugrass com a banda Trem 27, com quem chegou a lançar dois discos. O músico também lançou dois discos solos: Estratosférico (2005) e Astenosférico (2012) e ganhou o Prêmio Açorianos de Melhor Instrumentista em 2005.

Na apresentação em Alvorada, Renato e Maneco interagiram com o público contando um pouco da história do blues conforme apresentavam músicas dos mestres do Mississippi, começando com o pessoal do Delta Blues e no final a galera mais moderna de Chicago. O público saiu maravilhado com o espetáculo, inédito em Alvorada, e já ficou na expectativa de um retorno da dupla.

Para conferir Renato Velho e Manéco Rocha ao vivo no Subtê click na imagem abaixo:



Texto: Denilson Rosa dos Reis
Foto: Walter Andrés Cambero
Vídeo: Denilson (gravação) e Anderson ferreira (montagem)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

JEFF HEALEY

Arte de Bira Dantas
Nos dias 17 e 20 de agosto de 1997, ocorreu no Teatro do SESI o RS Guitar Festival tendo como atrações: The Jeff Healey Band, Stanley Jordan, e os gaúchos Solon Fishbone, Fernando Noronha e Frank Solari. No dia 20 fui conferir de perto a performance do guitarrista canadense Jeff Healey e me assombrei com a técnica deste guitarrista, que só para constar, é cego e toca com a mão esquerda sorfe o braço da guitarra como se fosse um teclado.

Antes do show de Jeff Healey coube aos blueseiros gaúchos Solon Fishbone e Fernando Noronha aquecerem o público com uma bela apresentação acústica, embora sejam originalmente líderes de bandas de blues elétrico, não decepcionaram neste set de violão e o acompanhamento de Alexandre Rossi na harmônica. Se todos pensam que eles foram corridos do palco para o início do show de Healey, estão enganados. Eles seguraram muito bem a platéia.

Mas o melhor mesmo foi a apresentação  de Jeff Healey e sua banda, que tocaram numa pressão acústica de 125 decibéis, ou seja, no pico (a média seria de 95), o que apavorou o público no início. Mas logo nos primeiros acordes de Healey o público esqueceu a dorzinha no ouvido e curtiu o show. A ideia que se tem é que o show não tem pique, devido ao problema de visão do guitarrista. Ledo engano, Jeff corre pelo palco, pula, faz miséria, como no final do show em que pisa na guitarra e a estraçalha contra o tablado do palco. O público delíra!

Healey tocou clássicos do blues, composições próprias, foi muito simpático e brincalhão com o público e no bis atacou com a balada arrasa quarteirão “While My Guitar Gently Weeps”, de George Harrison.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Bira Dantas (SP)

domingo, 26 de maio de 2013

NATU BLUES FESTIVAL

Arte de Jader Correa
Natu Blues 2002

Aconteceu em Porto Alegre, nos dias 23, 24 e 25 de abril de 2002, o II Natu Nobilis Blues Festival. O Natu Blues ocorreu em Porto Alegre pois, segundo André Christovam, diretor artístico do evento: “Porto Alegre é a ‘meca’ do blues no Brasil, tem ótimos músicos e um público fiel”. Na noite de abertura tocaram Nasi & Os Irmãos de Blues e Magic Slim & The Teardrops. Infelizmente não pude comparecer neste dia.

No dia 24, chamado de “Celebrity Night”, fui conferir os shows de Carey Bell & Natu Nobilis Blues Band (banda formada por músicos gaúchos para acompanhar o gaitista norte-americano) e Hubert Sumlin & André Christovam Trio. Embora Carey Bell tenha acompanhado os grandes mestres do blues como Muddy Waters e Willie Dixon, seu show foi meio morno. Hubert Sumlin é a lenda viva do mais autêntico blues de Chicago e inspirou feras como Jimi Hendrix e Eric Clapton. Seu show foi bala, o velhinho detonou sua guitarra como um moleque no palco e, ainda de quebra, contou com o apoio do excelente guitarrista brasileiro André Christovam. Durante o show de Sumlin ocorreu a “Celebrity Night”, com Coco Montoya e Big Time Sarah subindo ao palco para uma Jam Session.

No encerramento acompanhei os shows de Big Time Sarah & Blue Jeans (banda paulista escalada para acompanhar a diva) e Coco Montoya & Band. A abertura da noite ficou por conta dos gaúchos da Hoochie Coochie Band. O show de Sarah foi magnífico, a diva conquistou o público com seu vozeirão e sua performance de palco, sem falar que a banda Blue Jeans, que a acompanhou é muito boa. Grande show! Fechando o festival, o guitarrista canhoto, ex-aluno da lenda Albert Collins, Coco Montoya, fez um show mais rock’n’roll, fugindo um pouco do estilo blues. Ótimo festival! Local apropriado (Bar Opinião) e um timaço de primeira! O que podemos querer mais? Só esperar pelo ano que vem.

Natu Blues 2003

A primeira noite abriu com Robson Fernandes Quarteto. Considerado a nova revelação da harmônica (gaita de boca) nacional, Robson fez um show curto mas com bastante energia, digno da abertura do festival. Após tivemos um encontro inusitado, a Natu Nobilis Blues Band, banda formada especialmente para o evento com músicos gaúchos, e o gaiteiro Renato Borghetti. Foi o melhor momento do festival, com Borghetinho ponteando um Blues ou fazendo um duelo com a guitarra bluesy de Fred Sun Walk. Fechando a noite, subiu ao palco o norte-americano John Hammond, considerado um Mestre do Blues.

Para a Segunda noite, abriu os serviços o gaúcho Andy Rodrigues, um dos pioneiros do Blues no estado. Logo em seguida vieram os cariocas da Baseado em Blues, mas que, infelizmente, não tocaram Blues, e sim músicas com influência do Funk anos 70. Fechando o festival, o norte-americano Kenny Neal e a sua The Neal Brothers Blues Band, mostraram aos gaúchos um verdadeiro Blues do Sul dos Estados Unidos. Neal já acompanhou Mestres como Buddy Guy e Junior Wells e, só por aí, dá para imaginar que o cara é fera.

Natu Blues 2004

O show de abertura ficou com Big Chico & The Shuffles. Chico é gaitista da nova geração e sua banda conta com o guitarrista Lancaster. O convidado especial do show foi o mestre do órgão Hammond B3, Deacon Jones, que em seu currículo inclui 18 anos ao lado do lendário John Lee Hooker. Deacon encantou o público com seu carisma e solos performáticos. Na seqüência o gaitista Sérgio Duarte e a banda Entidade Joe fizeram um show com músicas cantadas em português.

Mas a grande atração do festival foi Lucky Peterson, que encerrou a primeira noite. De início a banda de Peterson mostrou que não veio só a passeio. Com uma pegada funky poderosíssima, apresentou um virtuosismo que levantou o público. Mas quando Lucky entrou em cena, logo foi ovacionado, e o mestre retribuiu primeiro no órgão Hammond B3 e depois, para delírio de todos, na guitarra. Foi um show memorável. Na Segunda noite subiram ao palco do Bar Opinião, o gaúcho Gambona, a Natu Nobilis Blues Band com a participação do clarinetista Paulo Moura e a guitarrista norte-americana Deborah Coleman. Vida longa ao Blues!

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jader Correa (RS)

domingo, 14 de abril de 2013

JOHN MAYALL

Arte de Diego Muller

Quarta-feira, 11 de setembro de 1996, já estávamos começando a nos acostumar com o fim do inverno gaúcho e chega uma frente-fria vinda do Uruguai. Ao mesmo tempo uma frente blueseira chegava da Europa, mais precisamente da Inglaterra, depois de passar pelo centro do país, para uma noite de muito Blues. John Mayall é um daqueles branquelos que nasce com a lama de um ex-escravo de uma fazenda de algodão da época da escravatura no país do Tio Sam. É a primeira apresentação de Mayall em Porto Alegre, e muito esperada pela galera do blues aqui do Sul. Aliás, galera que aumenta a cada show que acontece, o que é muito bom, pois traz mais shows ainda.

O show aconteceu no Bar Opinião, um local que está se tornando imortal pelas celebridades que estão passando por ele. Embora marcado para as 21h, o show começa perto das 22h quando um apresentador grita ao microfone: “The Bluesbreakers”, e três senhores sobem ao palco para uma música de apresentação e aquecimento, até chamarem Mister John Mayall. Mayall sobe ao palco mesmo com a idade visível pelos sues cabelos brancos, muito serelepe, todo de branco e tocando sua harmônica.

Após alguns sets com a harmônica, Mayall vai para os teclados – que eram dois – onde faz alguns duetos de solos com o guitarista, que diga-se de passagem, quase que rouba o show. Foi uma surpresa ver aquele senhor que mais parecia um “lenhador”: gordo, barbudo e todo vestido de jeans, detonar sua guitarra como fez, levando o público ao delírio e aplaudindo-o constantemente. Já o baterista era um senhor um tanto calvo que tocava sua bateria com uma simplicidade de quem estava brincando. O baixista, o mais jovem da trupe, também teve sua oportunidade de mostrar seu virtuosismo, solando em uma das músicas.

Mayall pegou a guitarra em apenas uma música para fazer um som meio ‘funkeado’. Aliás, o show de Mayall apresenta esta diversidade. Ele passeia por várias praias além do blues tradicional: tem muito peso, funk e até pop. Uma das músicas teve um daqueles finais que parecem intermináveis. Mas a música que realmente levantou a galera foi o clássico “All Your Love”, com uma das introduções mais Power da história do blues contemporâneo. Jonh Mayall and The Bluesbreaker tocaram quase duas horas de muito blues, levando o público a pedir bis por duas vezes e sedentos de muito mais.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Diego Müller (RS)