segunda-feira, 23 de maio de 2011

CRICKET TAYLOR


Cricket Taylor – na foto com este articulista – nasceu no Mississipi e desde pequena a menina ouviu canções de bluesman como Muddy Waters, ou seja, o blues esta na sua formação. Mudando-se para o Texas, as guitarras ritmadas começaram a fazer parte de sua educação musical, forjando seu estilo musical.

Taylor começa a aparecer na cena blueseira ao ganhar o Prêmio Best Blues Banda, já no seu primeiro ano de atuação nos palcos. A partir daí, seu estilo de mulher fatal foi conquistando fãs que logo descobriram seu vozeirão próprio das grandes cantoras de blues. No seu currículo tem apresentações ao lado de grandes nomes como B.B. King, Etta James, Steve Ray Vaughan e também o roqueiro Jerry Lee Lewis. Suas letras falam de amores perdidos, bem ao estilo da ‘femme fatale’ que incorpora no palco.

Cricket veio a Porto Alegre com apresentação no Átrio do Santander Cultura no dia 03 de abril de 2011, acompanhada do guitarrista carioca Big Gilson, que tem trazido ao Brasil uma série de bluesman. Vestindo um vestido vermelho, Cricket já mostra sua primeira característica: mulher fatal. Mas quando solta a voz, vemos que mais que a sensualidade no palco, ela sabe cantar, e muito bem, além de tocar guitarra com a tradicional pegada texana. Pela metade do show, começa a puxar blues mais ‘guitarrero’ com a clássica “Rock Me Baby”, consagrada na voz de B.B. King. Logo em seguida, ganha o público definitivamente com “You Don’t Have To Go”, de Jimmy Reed.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Informações Biográficas: release

BIG BILL BROONZY: De Mississippi a Chicago


William Lee Conley Broonzy, mais conhecido como Big Bill Broonzy, fez a ponte entre o blues rural e o urbano, entre o Mississippi e Chicago. Nasceu em Scott, Mississippi, em 1893. Ainda garoto – no Arkansas, para onde a família se mudou – fez um violino de uma caixa de charuto e, com um amigo que brincava com uma guitarra de fabricação também doméstica, começou a tocar em festas e piqueniques. Em 1915, aos dezoito anos, Broonzy já estava casado e cuidava de sua própria fazenda. Decidira tornar-se pastor e renunciara ao violino. A seca de 1916 acabou com a colheita, seu gado e suas economias. Foi trabalhar nas minas de carvão até que Tio Sam o pegou em 1917. Passou dois anos no Exército. Em 1920 foi para Chicago. Dizia que não podia mudar a cor da sua cara, mas viera ao Norte para ter tudo o que o homem branco tinha: roupas elegantes, um carrão, uma mulher branca.


Big Bill começou a aprender violão com Papa Charlie Jackson. Suas primeiras tentativas de gravar foram frustradas. O primeiro disco saiu em 1927 – já com 34 anos de idade – e não foi um sucesso. Começou a tocar nos bares do South Side de Chicago. Em 1934, gravando para a Bluebird (uma subsidiária da RCA), tudo mudou: Big Bill começou finalmente a ter sucesso. Encontrando seu estilo fazia um blues ritmicamente esperto, sendo o precursor do rock’n’roll dos anos 1950. O blues de Big Bill, com um pé fincado na lama do Mississippi, apóia-se no rural para se projetar no urbano e no futuro. Já em fins dos anos 1930 ele adota a guitarra elétrica. Em 1937, gravava com bateria e depois, como o seu amigo Tampa Red, tornava-se um pioneiro da guitarra elétrica. Broonzy assinou mais de 300 blues, mas receber os direitos autorais destas canções era outra coisa.


Em 1939, participou do concerto Spirituals to Swing, no Carnegie Hall de Nova Iorque, promovido por John Hammond. Depois da Segunda Guerra, a sede do público branco jovem por heróis do mundo folk rural tirou Big Bill de um emprego de faxineiro no Colégio Estadual de Iowa e o recolocou no circuito dos shows e das gravações. Em 1952, foi convidado a dar concertos na França e iniciou a prática de fazer turnês européias quase todo ano. Foi em Londres que ele publicou, em 1955, sua autobiografia, Big Bill’s Blues: “Alguns negros me dizem que o velho estilo do blues está levando a nossa raça de volta para os tempos da carroça e do cabalo e da escravidão – e quem quer se lembrar da escravidão? Alguns dirão que a escravidão acabou e por que não tocamos outra coisa? Eu digo apenas que não sei tocar outra coisa...”.


Big Bill Broonzy estava no auge da forma – e da fama – quando a voz começou a ratear. Diagnóstico cruel: câncer na garganta. Morreu em agosto de 1958.


Texto: Denilson Rosa dos Reis

Ilustração: Juliano Machado (RS)

Fonte: Blues – da Lama a Fama (Editora 34)