domingo, 14 de abril de 2013

JOHN MAYALL

Arte de Diego Muller

Quarta-feira, 11 de setembro de 1996, já estávamos começando a nos acostumar com o fim do inverno gaúcho e chega uma frente-fria vinda do Uruguai. Ao mesmo tempo uma frente blueseira chegava da Europa, mais precisamente da Inglaterra, depois de passar pelo centro do país, para uma noite de muito Blues. John Mayall é um daqueles branquelos que nasce com a lama de um ex-escravo de uma fazenda de algodão da época da escravatura no país do Tio Sam. É a primeira apresentação de Mayall em Porto Alegre, e muito esperada pela galera do blues aqui do Sul. Aliás, galera que aumenta a cada show que acontece, o que é muito bom, pois traz mais shows ainda.

O show aconteceu no Bar Opinião, um local que está se tornando imortal pelas celebridades que estão passando por ele. Embora marcado para as 21h, o show começa perto das 22h quando um apresentador grita ao microfone: “The Bluesbreakers”, e três senhores sobem ao palco para uma música de apresentação e aquecimento, até chamarem Mister John Mayall. Mayall sobe ao palco mesmo com a idade visível pelos sues cabelos brancos, muito serelepe, todo de branco e tocando sua harmônica.

Após alguns sets com a harmônica, Mayall vai para os teclados – que eram dois – onde faz alguns duetos de solos com o guitarista, que diga-se de passagem, quase que rouba o show. Foi uma surpresa ver aquele senhor que mais parecia um “lenhador”: gordo, barbudo e todo vestido de jeans, detonar sua guitarra como fez, levando o público ao delírio e aplaudindo-o constantemente. Já o baterista era um senhor um tanto calvo que tocava sua bateria com uma simplicidade de quem estava brincando. O baixista, o mais jovem da trupe, também teve sua oportunidade de mostrar seu virtuosismo, solando em uma das músicas.

Mayall pegou a guitarra em apenas uma música para fazer um som meio ‘funkeado’. Aliás, o show de Mayall apresenta esta diversidade. Ele passeia por várias praias além do blues tradicional: tem muito peso, funk e até pop. Uma das músicas teve um daqueles finais que parecem intermináveis. Mas a música que realmente levantou a galera foi o clássico “All Your Love”, com uma das introduções mais Power da história do blues contemporâneo. Jonh Mayall and The Bluesbreaker tocaram quase duas horas de muito blues, levando o público a pedir bis por duas vezes e sedentos de muito mais.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Diego Müller (RS)